domingo, 26 de junho de 2011

Ko Pha Ngan (Parte II)


Acordei na quarta-feira lá p´rás duas, preparado para tudo menos a Full Moon Party. A noite anterior tinha sido agressiva aqui p’ró estômago – é que whiskey tailandês não é propriamente Johnny Walker Black Label...
               
Mas pronto, um gajo tinha vindo para Ko Pha Ngan para a FMP. E mesmo que não tivesse vindo e a nossa presença fosse uma casualidade, nem uma perna partida me impediria de lá ir.
               
Quando acordei, lembro-me de estar na praia uma bocado, à conversa com a Sofia. Rica Sofia, gosto muito da rapariga, sempre gostei. A conversa flui como se tivesse VIDA própria. Posto isto, um gajo lá se arranjou, foi comer, e depois começaram os preparos. Fui comprar a minha garrafinha de whiskey e aconselhei a Sofia a fazer o mesmo, sendo que valia mais a pena do que os baldes que eles vendiam lá. Claro que não era uma garrafa inteira de whiskey, e nem era dos mais fortes do planeta. Comprámos a garrafinha, bebi um redbull e começamos a fazer sinais às scooters que passavam, para não termos de pagar os dois euros de táxi. A Sofia iria primeiro e eu de seguida. Não demorámos mais de cinco minutos até que apareceu um francês que a levou. Eu fui p’rai dez minutos depois com um tailandês. Cheguei e fui o mais rápido possível para o nosso ponto de encontro, onde estive mais de duas horas à espera da chavala. É que ele estava lá, mas não era muito visível, e ela tinha entrado por outro sítio. Enfim, desentendimentos. Mas na boa. Estava à espera mas estava tranquilo, ia bebendo o meu whiskey e fazendo conversa com a malta. A dada altura já era conhecido naquele sítio específico, o pessoal passava e perguntava se a minha amiga já tinha aparecido e chegavam a dizer “se alguém se perder encontramo-nos no Pedro”. Isto para dizer que, não obstante a espera, eu estava na festa. E como era a festa? Xauzinho! Incrível. Mal cheguei à vila senti o boom. Quando cheguei à rua que dava para a praia foi o delírio. Rua cheia, praia de cheia de malta a bombar. Até de falar nisso agora me dá aqui uma cena e quero voltar. Há bué de cenas que um gajo pode criticar e tal – assim como eu não sou propriamente apreciador de sítios muitos turísticos, um gajo pode aplicar o mesmo, vezes mil, à FMP, mas para mim é diferente. É um evento onde um gajo se perde dentro do que se está a passar. Dezenas de milhares de pessoas na praia, quase toda a gente pintada com cores luminescentes, t-shirts cor-de-rosa choque ou amarelo flurescente, uma fluência de fazer “amigos” incrível. Está tudo a cortiré a cem por cento, o mundo pára naquelas oito ou dez ou doze horas em que aquilo dura.
               
Quando a Sofia apareceu à minha beira já vinha lançadinha e boa parte da garrafa já estava espalhada pelo seu sistema sanguíneo. Mas estava fixe, muito fixe. Eu, que minutos antes tinha dito o seu nome cem vezes, na esperança de que isso resultasse, fiquei em êxtase, porque por mais fixe que estivesse a ser estar ali, era tempo de ir dar uma volta pela praia. Entretanto já tínhamos arranjado um grupinho, composto por um inglês de 35 anos que aparentava 25, dois mexicanos e mais não sei quem. Que dizer mais? Andámos toda a noite de espaço em espaço, a dançar, cortiré, falar com pessoal daqui e dali, até que o sol raiou.
               
A dada altura, já não sei porquê, reparei que a grande maioria dos chinelos perdidos eram do pé esquerdo. E não sei porquê eu e a Sofia começamos a apanhar os chinelos todos que encontrávamos, até que, talvez 25 chinelos depois, os expusemos na praia, numa espécie de perdidos e achados. Eu, que precisava de comprar uns, levei uma havaiana azul tamanho 41-42 e uma branca do pé direito tamanho 39-40, com as quais ando agora. Até tínhamos pares méne! Havia uma secção para pés esquerdos, outra para direitos e uma pequena com dois ou três pares iguais. O pessoal vinha, experimentava, e podia levar, se quisesse.
               
Quando decidimos ir para casa, eu não sabia o que me esperava. Tínhamos combinado que voltaríamos da mesma forma, à boleia, primeiro a Sofia, depois eu. Mas a chavala não queria, queria caminhar. Ok, o seu argumento até era válido – não queria apanhar boleia dum bêbedo. Assim, foi uma caminhada, sei lá, p’rai de hora e meia, que queimou ali o álcool todinho que o corpo reserva p’rá ressaca. A caminho encontrei uma carta de condução, um cartão bancário e um cartão de estudante de uma Victoria. No dia seguinte liguei para o banco dela, pedi para a contactarem a dizer que tenho as cenas, com o meu e-mail, e até agora nada.

No dia seguinte não me lembro muito bem que fizemos, mas acho que estivemos na net no nosso restaurante um bom pedaço.

Sexta-feira acordámos antes das seis para apanhar o barco. A ideia era ir à boleia até à Malásia.

17h06-3ª-21-6-11
Ko Jum, Tailândia

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