terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Novska


São 21h53, estou em Novska. Que dia...
               
Zagreb não é tão mau como me diziam. A nossa anfitrião foi porreira e foi dar a voltinha com a malta. Vimos quase tudo, assim me parece, em duas ou três horas. É agradável, sem ser algo de deslumbrante.

Depois da voltinha éramos para relaxar um bocado em casa, jantar e depois ir a um concerto. A Kazimira fez-nos uma refeição de lordes, com batatas, galinha e queijo à mistura. Acho que foi a melhore refeição até agora. Temos comido bem, mas este seu preparo levou mais tempo era mais complexo que piza disto ou massa daquilo. Ao longo do jantar fomos bebendo vinho croata, caseiro, de corpo intenso e com depósito p’ra caramba. Chegaram a Sandra e a Dada, amigas do Tomislav, colega de casa da Kazimira. Foi à conta da Sandra que me quis armar em espero e acabei por me espalhar... quando chegou disse “Sandra dragomir”, apertando a sua mão. Eu disse que me chamava Pedro Dragomir, no gozo. Contudo, talvez pela ausência de sorrisos, percebi que não tinha tido grande piada. Foi mais tarde, quando lhe perguntei porque é que ela se apresentava dando o nome e sobrenome, que eles se partiram a rir... sendo que “dragomir” quer dizer “prazer” ou algo assim. Iá, pois...

A noite passou-se muito bem, e ainda hoje estou incrédulo com o facto de que estivémos sentados àquela mesa das nove e meia da noite até às sete! O João, cansado, entretanto foi para a cama, e nós fomos ficando. Assim, com esforço acordei para ir, com o Johnny, almoçar a casa do Tomislav, meu amigo croata que alberguei em Birmingham, e depois em Quarteira. O Tomi viaja quase apenas de boleia e está no bom caminho para se tornar um viajante profissional. Já recebeu uma viagem ao Bangladesh para por uma companhia de cartões de crédito e agora vai passar vinte dias em Portugal. Passámos o dia em sua casa, e foi porreiro. É sempre bom reencontrar amigos...

Os seus pais, apesar de não se safarem no inglês era fixes e queriam que nos sentíssemos em casa, coisa que aconteceu.

Hoje acordámos por volta das onze e meia. Está visto que isto de acordar depois das oito quando um gajo quer ir a algum lado à boleia não dá muito resultado. Apesar da hora tardia, ainda comemos ma sopa em casa da Kazimira, um bocado de puré e um bife. Só depois do café é que nos lembrámos que se calhar o melhor era mesmo por-nos a andar, contrariamente ao que Kazimira desejava. Foi muito fixe, a rapariga. Fomos os primeiros “hóspedes” dela, e notou-se que se esforçou por ser o mais agradável possível. Quando bazámos notava-se igualmente que gostava que ficássemos.

Entramos no tram em Kvaternikov e viajámos até à estação de autocarros. Aí, com alguma dificuldade apanhámos um autocarro até num-sei-onde. Era ver os croatas a passarem-se com os viajantes tugas....

Saímos lá em num-sei-onde e caminhámos até à autoestrada. Fomos sempre pelo campo, de lado. Uma vez chegados plantámo-nos ali à beira de onde se tira o ticket, com um papelito a dizer Beograd Serbia. Passado pouco menos de uma hora estávamos no carro do Sasha, que nos deixou uns cinquenta quilómetros para Este. Aqui foi o degredo... não só a estação era muito pouco concorrida, como o pessoal não era nada afável e estava um frio de rachar. Estivémos aí umas duas e tal horas, até perceber que... não ia dar...

(não sei se me devo começar a preocupar com o João, que foi ao supermercado há uma hora e tal. ligo e não atende)

Assim, avistando uma vilita lá ao fundo, alcançável através dos imensos campos, pusemo-nos a caminho. Andámos quase uma hora, tendo avistado seis ou sete veados a correr à velocidade da luz, até que chegámos a uma vila composta por casas na sua maioria só de tijolo, uma igreja, um cemitério e uma loja de conveniência. Nada. Andámos de um lado para o outro um bocado, sem saber bem o que fazer, com opiniões mais ou menos distintas. O João queria encontrar uma casa abandonado e arroxar, e eu queria dar uma volta e ver se encontrávamos um hotel, quanto mais não fosse para saber que tínhamos essa opção. Havia ainda a hipótese de tentar boleia de volta a Zagreb, mas concluísmo não valer a pena.

Eventualmente lá encontramos uma casa que poderia servir para passarmos a noite. Estávamos a investigar quando ouvimos um méne lá ao fundo aos gritos. Ok, hora de bazar. Pegámos nas cenas e continuámos a andar. Todavia, percebemos que aquilo ia ter de dar. Voltámos à casa, e planeámos ir comer qualquer coisa à loja de conveniência e arroxar. O João deixou lá a mochila e fomos.

Pois acontece que o cota que mandou uns berros certamente chamou a polícia, pois estes apareceram passado meia hora. Sem a língua inglesa para servir de ponte, um gajo ia tentando safar-se como podia. Mas safarnos como podíamos não foi suficiente, porque não nos pudemos safar muito... fomos com eles buscar a mala do João e depois fomos para a estação da polícia. Eu estava relativamente tranquilo, pois não tínhamos feito nada de mal, mas ainda assim é sempre aquela cena, andar no carro da bófia...

Lá arranjaram um intérprete. Porque estávamos ali (porque estávamos a caminho de Belgrado), como tínhamos chegado, de onde vínhamos, porque é que tínhamos ido à casa (porque o João tinha um problema de costas e estava cansado), isto, aquilo, se íamos ao Irão, etc...

Ficámos lá duas horas, mais coisa menos coisa. Entretanto ficaram com as nossas impressões digitais todas (de palmas e tudo), dados, fotocópias dos documento e todas essas cenas que não dão jeito nenhum. Foram tão porreiros quanto possível, talvez, mas foi um grande inconveniente estar naquela situação.

Lá nos “soltaram” e deixaram-nos na estação de comboio. Há um comboio para Belgrado à uma e tal. o João foi ao supermercado comprar algo para comer mas já foi há quase hora e meia e ain – ok acabou de chegar! (com uma coca-cola e um hamburger)

22h20-14-2-11
Novska, Croácia

1 comentário:

  1. Ainda bem que "soltaram".

    A viagem continua, e eu aqui...a seguir;):)

    Grande abraço

    Tudo de bom

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