domingo, 30 de janeiro de 2011

Barcelona e a VIDA


A VIDA é bela. Devia ser assim tão simples. Mas às vezes cometo o erro de pensar demasiado nisso. Ou melhor, demasiadas vezes cometo o erro de pensar demasiado. Quero encontrar um sentido, significado, razão, por detrás de quase tudo o que existe, e isso leva-me a um labirinto de onde depois não consigo sair. Ando lá para trás e para a frente e não encontro os butõezitos de s.o.s. Lá consigo sair, mas com dificuldade. Estes pensamentos são como uma rede emaranhada cheia de tentações e guloseimas a que acho difícil resistir. Sinto cruzar-se em mim os pensamentos do Ricardo Reis com os sentidos do Alberto Caeiro, e não sei se prefiro a profundidade profunda ou a profundidade superficial. Quem sabe um equilíbrio entre o pensar com os sentidos e a entrega à reflexão seja algo que posso um dia alcançar. A VIDA é bela, e vai indo, todos os dias. Estava a ver umas fotos do meu pessoal em Birmingham, invariavelmente numa festa. Parece que foi há muito tempo, como uma realidade que não existe de verdade, mas em que mergulhei sem saber por dois anos. Longe vai o tempo também em que o           que agora é uma realidade era, na altura, um sonho.
               
Ontem fui ver a Sagrada Família. É como se um qualquer deus tivesse estado a brincar com areia molhada, deixando-a jorrar pelos seus dedos através dos céus, e caísse em Barcelona uma sumptuosa visão de mentes que acham que podem fazer melhor, e diferente. Para entrar geralmente são doze euros mas neste dia a entrada era gratuita. O interior é porreiro mas não dava doze euros para ver, estando em low-budget ou não estando. Sinto que há muito que não vi nesta cidade, onde tão frequentemente se sente o cheiro a erva e a waffles, mas isso não me apoquenta. Percebi, contudo, o quão porreiro deve ser viver aqui. Sente-se o andamento nas ruas, respira-se a actividade sempre presente. E tendo hoje, depois de termos almoçado umas tapas com a Mirella, visto a praia, senti ali a cereja no topo. É uma cereja pouco formosa, é certo, mas oferece a Barcelona um brinde de que poucas cidades se conseguem gabar.
               
Ontem tivémos uma noite semelhante à anterior, mas eventualmente fomos ao Ryan’s beber um copo. Após ter cruzado as conversas do costume com as personagens locais fomos ao Sugar. Não passava das três da manhã, acho, quando estávamos de novo em casa, sentados a ouvir um qualquer som chill-out, a beber vinho. As palavras, maioritariamente as ouvidas, têm o dom de preencher certos campos em nós, ou em mim, que poucas outras coisas, ou actividades, conseguem. Apraz-me sobejamente uma conversa de três horas, saltando de tema em tema como miudas a jogar à macaca...
               
Agora o plano é mandarmo-nos em direcção a Marselha amanhã. Temos um sofá lá à espera, ou em Montepellier, caso as coisas não corram como o esperado.

10h13-d-30-1-11
Barcelona

2 comentários:

  1. Soube-me tão bem ler-te!
    A profundidade das tuas palavras, o infinito dos teus pensamentos.
    Não receio o emaranhado de tentações e guloseimas de que falas, pois estou certa que, rapidamente te encontras num qualquer recanto deste labirinto! AMT
    Boa sorte para amanhã! Beijinho Kidus

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  2. Mto bom , realmente barcelona é especial .. todos os verões la vou !
    Boa sorte pas viagens ;)

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