sexta-feira, 21 de março de 2014

O Conciliar

De repente, apeteceu-me chorar. Não saiu daqui nada, tudo continua na mesma. Os velhos atrás de mim continuam a ver o rei na televisão, o escuro ainda persiste lá fora, e os meus olhos ainda estão secos. Mas, quando clicando para a próxima fotografia, te vi a aparecer em Sevilha, senti  como se me tivesse esquecido como respirar por um segundo e um fogo subiu ao meu olhar. Penso em ti, miúda.
 
Todos os dias mais longe, mas penso em ti. Queria-te aqui comigo, queria que pudesses, ou quisesses, ou seja lá o que for –lembro-me como ficaste quando disse que não querias–, viver estas coisas comigo. O mundo tem mais piada quando estou a vê-lo, e a minha VIDA tem mais piada quando o vejo contigo.
 
Mas estás agora longe... ou estou eu agora longe... e penso naquilo que o futuro nos reservará, e em como vou conciliar tudo o que existe fora de mim com tudo o que existe lá dentro. O mundo sempre me chamará, isso já percebi. Acho que já percebemos. Espero que tu nunca precises de fazê-lo.
 
Preocupa-me, por vezes, como vou estar com estes chamamentos, o silencioso e o estrondoso...
                 
Não é muito justo para ti, eu sei... Sei que me percebes, mas não sei se, no fundo, gostarias que fosse diferente. Mais igual. 

Detesto a ideia de estares à minha espera. Se não gosto que esperem por mim para encontros, que sentir se a pessoa mais mundo que tenho esperasse por mim para a VIDA? Detesto esse sentimento com um medo visceral de que seja real, e sonho com este futuro que anda por aí perto, um futuro em que eu consiga estar contigo, viajando em sonhos, esperando as alturas em que se tornam realidade, sem que o tempo de espera seja uma intermitência da VIDA.
                 
Quando estou contigo nunca estou em intermitência. Há sonhos e viagens que vão acontecer, mas quando te estou a tocar estou ali. Quero, para sempre, convidar-te para cada sonho. Quero, para sempre, que haja uma viagem ao virar da esquina, e que sejas tu a estrada e eu próprio ao mesmo tempo e nunca o edifício que nos separa.

21h03, 6ª, 28-2-14
A caminho de Essaouira, Marrocos

2 comentários:

  1. Um caminho com imensos...solavancos.
    Não deve ser fácil, não.
    Grande abraço e continuação de boa viagem.
    Tudo de bom.

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  2. Não me conheces Pedro, mas habituei-me a seguir a tua odisseia e todos os dias a ansiar por ter a mesma força para realizar tamanha façanha.

    Com dias muito complicados pelo meio muitos mais como eu te mandam a nossa força.

    Boa Jornada.

    Mj

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