São onze e vinte e um da noite, saí há pouco de Armitsar, Índia, e escrevo da forma mais desconfortável possível. Bem, havia outras formas, mas digamos então que a forma mais confortável é deveras desconfortável. Aqui o “Poupas” vai num autocarrinho sentado, porque ir deitado custava mais euro e meio. Não me arrependo, é assim. Mas até parecem fixes os para dormir. É que da última vez que comprei um “sleeper”, de Goa para Hampi, em 2009, a minha cama era basicamente um assento que dava para encostar todo para trás, ficando na horizontal. Parece fixe até, não parece? O problema é que o encosto não fixava deitado, e com os enormes buracos da estrada, um gajo andava sempre aos pulos. Ainda hoje sorrio ao lembrar-me de ver a rapariga ao meu lago, literalmente, no ar, quase a mandar com a cabeça no tecto. A viagem de volta foi ainda pior, porque estava com a pior diarreia da minha VIDA, cada movimento, por mais simples que fosse, desencadeava uma cólica que parecia o fim do mundo!
No meu último dia em Hunza fui ter com o pessoal à escola. Meteram-me a ver uma apresentação sobre bolsas para estudar no estrangeiro. P’rai duas horas. O entusiasmo e vontade de me mostrarem cenas às vezes fazia destas coisas. Quando me perguntaram o que tinha achado, sorri e disse que não tinha achado nada, porque não falava burucheski (a língua local). Por sorte lá apanhei um livro em inglês perdido sobre lei islâmica e ainda passei meia horita a ler. Foi interessante reparar como falavam no Oeste. Só li umas vinte páginas, mas aparecia de vez em quando cenas como “contrariamente ao que se faz no Oeste”, sendo a cena um tanto ao quanto pejurativa para o nosso lado. Só me lembro de uma em particular, que dizia que “nós” não éramos tão tolerantes com outras religiões como o Islão. Não posso dizer se somos mais, ou menos. Quase que nem posso falar em termos absolutos, pois vêm-me à memória discussões com amigos meus e a noção da opinião geral que me rodeia. Sim, agora que penso nisso, parece-me que nós somos menos tolerantes do que eles! Ahah que riso! Antes de mais vale a pena referir que a minha opinião é baseada “apenas” na Turquia, Síria, Líbano, Iraque Curdo, Irão e Paquistão, e “apenas” num período de pouco mais de dois meses.
Parece-me que há um ponto para cada lado. Por um lado, pelo que me pareceu, há no ocidente mais preconceitos negativos em relação ao Islão, do que nos países islâmicos em relação às nossas crenças. Por outro lado, também é verdade que me parece que esta aceitação deles acaba na soleira da porta, sendo que um casamento com um católico que não se converta é visto tão bem como fazer topless em Teerão.
De todo modo, esse livro deixou-me, mais uma vez, embasbacado com a relatividade da verdade. Algo que também li naquela escola e de que não gostei nada, foi de um texto chamado “O Dilema do Solteiro” de um tal Herbert Gold. Agora não tenho net por isso não posso procurá-lo. O texto falava dos solteiros como se fosse uma doença a curar o mais rápido possível e dividia os solteiros em dois tipos, o bonzinho e o vilão, basicamente. Que estupidez! Que as pessoas tinham, por um lado, pena deles porque não sabiam o que era a VIDA de casado, mas inveja, porque não tinhas as responsabilidades do matrimónio. As descrições do bonzinho e do vilão eram ridículas, e mais ridículas que as mesmas é a sua existência, a necessidade de estar a criar categorias, como sacos, para onde se manda a malta toda lá p’ra dentro. E o pessoal na escola a estudar aquilo. Era para inglês mas não era para inglês ver, porque quando falei disso ao Riaz, ele concordava com o que lá era dito. Cenas.
Posto isto, precisava de ir à net. O Riaz ia não sei onde e lá foi, e ficámos de nos encontrar no campo de futebol às seis e meia. Às cinco e meia ia jogar uma futebolada com o pessoal. Apanhei boleia de uma motazita para Karimabad, caminhei até ao internet café, e usufrui de uns inúteis dez minutos de internet, até que a cena foi abaixo. No dia anterior tinha-me esquecido do artigo para a revista do britânia, e nesse dia a net falhava. Sem nada para fazer, pus-me a caminho de volta para Aliabad. Apanhei uma forguneta e daí a nada estava com a malta, a jogar à bola, 25 ou 26 pessoas, ninguém de calções e eu de calças de ganga. Mas foi fixe, apesar do terreno parecer uma pedreira. Não percebi muito bem a necessidade daquilo, porque bastava os mesmos 25 ou 26 perderem duas ou três horas um dia e aquilo ficava limpo. Mas quando tive esta brilhante ideia já ia tarde.
O Riaz apareceu à hora combinada e queria ir para casa. Eu disse ao gajo para ir, mas eu precisava de ir à net. Dava para ver que o méne estava cansado, mas ele insistia em ficar comigo. “Depois o meu tio chateia-se e nunca mais me deixa tocar em nenhum convidado, porque eu te deixei sozinhio!”. Eu tentava dizer ao gajo que era na boa, mas ele estava insistente. Senti-me um bocado como um puto. “Méne eu tenho andado sozinho muito tempo, sabes, não sou exactamente uma criança, de certeza que consigo chegar a casa”, eu dizia, de ânimo leve. Ainda assim, caminhou comigo, e passado meia hora acabou por ir para casa. Tinha-me dito que não ia haver transportes para Karimabad, porque era sexta (o dia sagrado) e o pessoal ia estar a rezar, e eu não sei se ele estava a dizer aquilo só para eu ir para casa. Não interessa. Hum. Engraçado. Agora que penso nisso, se ele estivesse a mentir acerca disso só porque estava cansado e queria ir para casa, e que eu fosse por ele, não me importa minimamente. Não muda nada. E não me importa que não me importe, porque toda a gente tem falhas aqui e ali, e se não nos permitirmos relaxar as barreiras, estamos sempre de trombas com alguém, a dado momento. Acho que não são comportamentos individuais (a menos que vis) que definem uma pessoa mas a tendência dos mesmos.
Quando deixei o internet café estava escuro, muito escuro. Não havia luz, por isso fui caminhando deixando-me guiar por instinto e pela pouca luz que a lua me dava. Daquelas situações fixes. No meio do campo, no meio do Paquistão, sem luz nem anglófonos, siga! Ia dizendo o nome da terra para onde queria ir, e o pessoal lá me encaminhava. Apanhei boleia de uma motorizada, andei um pedaço, e cheguei à vila. Depois foi dizer o nome do Gulham, e o pessoal ia-me mandando seguir. E, como esperado, dei com o sítio sem problema. Não me pareceu que o Gulham estivesse zangado com o Riaz. Eu fiz questão de dizer que o gajo não me queria deixar sozinho.
Jantámos e depois apareceu o Riaz e o outro primo a convidarem-me para ir jantar lá a casa. Hum, ok. Voltei a jantar então. Arroz com vegetais. Uma cena engraçada que o Riaz dizia muito, e que em Portugal seria encarado como extremamente gay, era tipo “tu... quando deixares Hunza vais-te esquecer de mim, não vais?”. Ele dizia isto meio a brincar, meio a sério, mas algumas vezes mesmo a sério. Eu dizia que sim, no gozo. O primo dele deu-me uma pulseira de ferro. Eles curtiram-me e eu curti-os. Confesso que fiquei um bocado naquela quando o primo mais novo disse que se queria juntar ao exército, mas o gajo tem 20 anos... eu com 20 anos também dizia parvoíces enormes. Agora de certeza que também digo, mas não sei bem quais são. Se calhar envelhecer é isso, uma constante constatação das parvoíces que custumávamos dizer. Uma reciclagem da parvoíce, vamos refinando a cena.
Já sabia que isto ia ser assim. Tenho andado todo partido, cheio de sono, penso sempre que vou dormir na viagem, mas nunca acontece. Nunca me apetece dormir. Parece que estou a perder o exotismo do que estou a viver se me permitir sonhar. Curto isto. Olhar à volta, ver o pessoal a namorar com o João Pestana, e eu a ouvir Jimi, escrever, e de vez em quando pousar o olhar também nas ruas que desaparecem, nas palmeiras fugitivas e sentir o calor do ar que me rodeia.
Mas iá. A malta em Portugal é bué de macha (lol) e nada destas cenas gays!
Depois de comer estivémos no quarto do Riaz a ver uns clipezitos, e depois xonar. Tínhamos combinado vermo-nos no autocarro às onze, mas acabei por ver apenas o Riaz, e por sorte. Acordei, não tomei banho, tomei o pequeno-almoço, despedi-me da família e pus-me a caminho. Num quelhozito conheci um rapaz que trabalhava para uma ONG que construía tectos isoladores, uma cena assim, não percebi bem. O que me ficou foi que o serviço que eles prestavam custava cem euros, e que geralmente o pessoal pagava em prestações, sem juros, ao longo de dois anos. Dois anos méne! Cem euros! Aquilo que alguns de nós gastam num sapato, eles demoram dois anos a pagar...
Encontrei o Riaz depois de me ter separado deste rapaz. Apanhámos boleia de um carro que parou sem pedirmos, e seguimos. Ele perguntou se eu não queria ir à escola dele, mas eu queria ir directo para a paragem do autocarro, para garantir que chegava a tempo. Ele disse que ia tentar ir lá despedir-se mas acabou por não conseguir. E lá me fui em mais uma viagem de 24h. Com 15 rupees, 10 cêntimos disponíveis para comida, e 30 rupees para a carrinha da eestação em Islamabad até perto da casa do Asim. Gastei esses quinze rupees num pacotito de bolachas. E voltei a namorar com a água local. Já tínhamos dado uns beijos, mas aconteceu de novo. Já passei mal nesta viagem por causa da água, mas não foi assim tão mau. E se calhar um gajo habitua-se. A ver vamos. Além disso, quando não há guito, um gajo marimba-se para infecções quando vê um jarro de água.
Ahaha! Passado menos de dez minutos de ter escritor aquelas frases todas profundas em itálico, dsliguei o computador, estiquei-me ao comprido no chão do autocarro e bota sono! Mas continua a ser verdade que me costuma ser difícil adormecer...
A dada altura vi que saía duma divisãozita um rapaz com uma carrada de pães. Fui lá perguntar quanto era um pão. “És muçulmano?”, perguntou-me. Pensei em mentir, dizer que sim, para o gajo me dar o pão. Mas disse que era católico, outra mentira, mas mais protegida pela verdade. E o gajo deu-me o pão na mesma. Porreiro. Passei a noite a tentar dormir mas sem sucesso. Ia vendo a estrada passar, os pensamentos a inundarem-me, como tem acontecido.
De manhã parámos para o pequeno-almoço. Ora eu com toda a certeza passei a um par de quilómetros do sítio onde o Bin Laden foi supostamente assassinado. Isto p’rai doze horas antes de tal ter acontecido. E eu acho que inclusivamente parámos para tomar o pequeno-almoço nessa vila. Que cena! Aí não tive meias medidas e quando vi um gajo a fazer pão pedi a um senhor que já tinha falado comigo para lhe perguntar se ele não me dava um. O senhor acabou por me pagar um pão e um chá. Assim fiquei pequeno-almoçado.
Passei o resto do dia no quarto do Asim, a fazer cenas na net. Tomei um banho, finalmente, passados cinco dias. Apercebi-me como, após o primeiro ou o segundo dia, é muito mais fácil negligenciar a nossa higiene. Costumo tomar banho todos os dias, e custa-me muito mais não tomar no segundo dia, do que no quarto. Mais uma boa janela para os mundos do pessoal que vive na rua e em quem a água não pousa quase nunca.
Estava lá o coreano que o Asim tinha albergado quando eu lá tinha estado anteriormente. Méne que gajo aborrecido. A sério o gajo não fala. Claro que alguém tem de falar primeiro, mas eu tentei, a sério. Até que desisti. Ainda fui ver o perfil do couchsurfing do gajo, para ver o que as outras pessoas diziam (nas referências). A ler aquilo parecia que estavam a falar de outra pessoa. Different people, different conections.
Passei o resto do dia seguinte no quarto do Asim também, preparar cenas e a não fazer nada. A dada altura o Asim mandou-me mensagem pelo facebook a convidar-me para um barbeque em casa de um primo seu. Quando chegou iniciou uma conversa, outra vez pelo facebook, a dizer que não tinha dito ao coreano porque o primo dele tinha-lhe dito para ele não trazer muita gente. Parecíamos putos. Enfim. O churrasco foi fixe. o gajo vivia numa casa enorme, p’rai com quatro empregados. Acho que dentro dos luxos, ter empregados é dos que me faz menos confusão. A menos que me esteja a escapar algo. Não me faz confusão porque há alguém que está a ser empregue. Conquanto não esteja a ser explorado.
Comemos lá umas sanduíches e curti muito o serão. Era tudo malta de clássia média-alta para cima, e achei interessante como só falavam inglês entre si. Ao início pensei que era por mim. Não era.
No dia seguinte mandei-me para Lahore. Deixei-me dormir à vontade e apanhei um autocarro ao início da tarde. Terceiro autocarro para o mesmo percurso, terceiro preço diferente. Quando cheguei a Lahore já era de noite. Apanhei uma rickshaw para a fronteira, mas a meio o gajo chamou um méne que falava inglês e explicaram-me que a fronteira ia estar fechada. Ok, voltei para o Regale Internet Inn, onde já tinha passado umas noite.
E eis que quarta, dia 5, estava na Índia. Tinha começado a minha nova etapa. Dividi a viagem em algumas etapas. Europa – etapa 1. Turquia, Síria, Líbano e Iraque Curdo – etapa 2. Irão e Paquistão – 3. Índia, Nepal e China – 4. Sudeste asiático – 5.
Meti-me numa rickshaw p’rai de meia hora e fiquei na fronteira. Comi alguma coisa, bebi alguma coisa, comprei um livro, ofereci outro, troquei dinheiro, e pus-me a caminho da Índia. Adeus Paquistão. Na bagagem um sem número de constatações. Pessoas quase todos os dias a oferecerem-me comida ou chá, pessoas simpáticas e calmas frustradas com as concepções ocidentais do que eles são. Um bom mês que me fez aprofundar as noções de como vivemos. De como olhamos para as coisas que temos e como desejamos as coisas que não podemos ter. Pensamos tanto em como a ambição é algo positivo e entregamo-nos de braços abertos a este conceito, conscientes de que, se alguém o disse, tem de estar certo. Afina de contas ele era rico, não era? Aceitamos estes conceitos sem pensar duas vezes. E assim, muitas vezes, ambicionamos rodear-nos do que não precisamos, e sentimo-nos frustrados por não conseguir ter o mundo no bolso. Quem não tem ambições é um falhado. Mas porquê? Esta frase é ridícula. Claro que devemos ter ambições, nem que ambição seja ficar na mesma. Mas quem diz tais coisas, que quem não tem ambições é um falhado, só aceita as ambições que se coadunam com as suas. Quem quer ser um pastor e viver uma VIDA sossegada e sustentável... não tem ambições...
Demorei cerca de uma hora a entrar na Índia. Passaporte aqui, passaporte ali, consulta de psicologia. O quê? Ah pois é! Um senhor, já do lado indiano, ao ouvir que eu era um psicólogo, chamou-me para o sofá. Quando dei por mim, o senhor, após me ter perguntado como era possível alguém se livrar de obsessões, estava a falar-me de uma obsessão que tinha quando era criança com uma rapariga de nariz feio. Falamos um bocado acerca de obsessões, e de como eu não o podia ajudar assim de repente, e depois ele perguntou-me qual era o seredo para a felicidade. Bem, com todos estes pensamentos que me têm habitado, aquilo foi como abrir uma porta e deixar entrar o mundo. Primeiro disse que, naturalemente, não sabia. E depois disse que achava importante aquilo de que tenho aqui falado. Como é importante não nos convencermos de que precisamos de mais mas saber apreciar aquilo que temos.
Já na Índia, tinha de chegar a Amritsar, para de lá apanhar um autocarro ou comboio para Delhi. O táxi, supostamente o único meio de transporte, era quase dez euros. No way, Jose! Lá fui vendo as opções, e o taxista insistia, baixando o preço para seis euros. “Que se lixe, vou tentar a boleia”, pensei. Na boa. Um carro e três ou quatro motas e estava na cidade. Lá pus-me a caminho da estação de autocarros. Apanhei uma daquelas cenas onde há um gajo a pedalar e nós vamos sentados. A minha reacção imediata foi negativa. Senti-me como um turista rico ali a explorar o pobre coitado. Mas depois vi que toda a gente usava isto, por isso relaxei um bocado.
Cheguei ao autocarro mas não tinha dinheiro. Tive de andar para trás quase metade do percurso que tinha percorrido só para encontrar um MB que funcionasse. Eventualmente parei num hotel para perguntar direcções, e os gajos convenceram-me a ir mais logo e ir ver o Templo Dourado, um templo sikh. Deixei lá a mochila e fui ver a cena. Simplesmente sublime! Muito fixe mesmo. E uma calma poucas vezes sentida.
Comprei bilhete para o autocarro e nele passei a noite. Perdi as frescuras e deitei-me no chão, que se lixe. Cheguei hoje de manhã a Delhi e estou agora em casa do Harry, o meu anfitrião indiano. Gajo fixe.
1h12-5ª-5-5-11
Delhi, Índia
Sério tua viagem é um espectáculo!! Amava poder fazer uma viagem assim por esses países todos!!
ResponderEliminarE adorei rever-me nesses caminhos tortuosos do Pak, onde tive uma má experiência... Aprendi 'be al bilá' (como estás?)e 'jonaá' (obrigado) em bruskaski! O máximo mesmo!! Gostava muito de lá voltar e rever tudo e todos.
Essa da higiene faz sentido... isso lá acaba por não ser uma grande prioridade ehe
Continuação de boa viagem!!
Experiencias demasiado fantásticas para descrever, principalmente as relações humanas. Cuidado com a água! Parece que te assombra. Esses intestinos são um pouco vulneráveis.Espero que tenhas comprimidos para tornar a situação menos dolorosa. Quem sabe a Graciete será portadora da tua salvação desse inconveniente infelizmente muito frequente. Vai ser muito confortante ter alguém (tão especial) de casa. Beijos meu querido
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarBrasileira, do interior do Brasil, sociolága e advogada. Casada. Fascinada por culturas diversas.
Descobri seu blog e me pus a acompanhar. ADORO.
Prazer em conhece-lo, gringo!
...e eu continuo nesta tua viagem, à boleia das tuas palavras.
ResponderEliminarNão ficas aborrecido pois não?
Tudo de bom
Grande abraço!
fico aborrecidissimo! :) por n conseguir escrever mais vezes :p abraco!
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