Sinto-me
só.
Ouço as trágicas músicas do Moby
nesta praia deserta e sinto-me só. Não sei bem que hei-de fazer
comigo mesmo. À minha volta só escuridão e um mar que vai
enchendo, que vai esvaziando, que me vai dando uma banda sonora ao
menos apaziguadora. Nem a lua me faz companhia. Mandou tudo às favas
e não se passeia por estes lados.
Irónico... esta é daquelas
situações que eu idealizei... eu, sozinho na praia, a cozinhar, a
olhar para o mar, algures numa costa africana, sentado depois a ouvir
música, a escrever... Mas este dia em que a vivo sinto-me
distintamente só. Não sei se por ter passado ontem e hoje na
companhia de um grupo neste mesmo cenário, se por não falar com a
Graciete há uns dias, ou se por mera casualidade. Pois este sozinho
que hoje me deixa a sentir só já várias vezes me assaltou sem só
me fazer sentir. Assim sou, assim somos, mais ou menos... uns mais
constantes, previsíveis ou controlados, outros mais tempestuosos e
relâmpago, mas assim somos, assim andamos, cada um à deriva
tentando aprimorar o nunca perfeito leme.
Quando me sinto assim, só,
assalta-me a mente as limitações da minha VIDA. Aquele desespero de
saber que acabará um dia afunda-me o estômago um pouco e penso em
coisas bonitas para não me deixar levar. Penso em tudo o que já
aconteceu, em tudo o que acontecerá e procuro um significado
qualquer que una isto tudo. Não o encontro mas espero que me vá
distraindo na procura.
São sete da tarde e a noite é
escura e estelar. Com esta música que não ajuda, assaltam-me
desejos assim de querer chorar um bocadinho, e sinto uma falta enorme
dela. Penso no que fará neste preciso momento, em que pensará,
penso que podia estar aqui, que eu podia estar lá.
Acho isto tudo profundamente,
tristemente bonito. Estes sentimentos que aparecem inesperados, que
não são apreciados, estas ideias e pensamentos que são
imprevisíveis como sempre, todos estes bailares que me deixam, por
vezes, estafado.
Mas agora estou aqui. E é só isso.
Agora podia estar em quase qualquer canto do mundo, mas estou aqui, a
ouvir os caranguejos à cata de possíveis restos de comida, o Moby e
o mar. Sinto-me só e não me queria sentir assim. Mas é aqui que eu
estou, e é assim que me sinto.
19h10, d, 17 Maio 2015
Cabo Ledo, Angola
Uma parte da vida, uma parte da alma humana!
ResponderEliminarÉ verdadeiramente uma busca que nunca pára...
Boa viagem!
Abraço!
ResponderEliminarPorque estar só é pior do que estar sozinho. Força e continuação de uma boa viagem.
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