sábado, 21 de junho de 2014

Carta

Amo-te.
                
Por me deixares ser eu sem me culpares disso. Amo-te por me permitires que seja teu sem que alguma vez me tenhas tido realmente. Amo-te por deixares a minha alma voar para onde quiser e por teres a calma certeza de que para onde voarei no final será sempre para ti. Amo-te porque nunca gritaste comigo e por eu nunca ter sentido vontade de gritar contigo. Por não nos agarrarmos a clichés nenhuns e por vivermos o nosso amor da maneira como queremos. Por saberes, no teu âmago, que o máximo que terás de mim advirá da consequência de nunca me exigires nada.
                
Pela tua calma e pelo teu bom senso, pela tua bondade e pela tua luz. Amo-te por teres aquele olhar que só eu posso ver, acordando no Caramulo naquela manhã, ou por aquele sinal que me fizeste em Lisboa naquele hostel na baixa. Amo-te por te dizer que tens uma característica engraçada e me pedires para não te dizer qual é para a poderes continuar a fazer genuinamente. Amo-te pela tua leveza e por me deixares ser um namorado que nunca revirou os olhos a falar na namorada.
                
Não há sítios como tu.
                
Não há viagem nem epopeia nem façanha que eu possa fazer que se aproxime de ti.

O meu maior feito foi ter-te feito apaixonar por mim.

21h40, 6ª, 20-6-14

Duekoué, Costa do Marfim

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