sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Porquê Disto...

É difícil saber até que ponto somos os mestres do nosso destino... é algo que advogo constantemente, que nós temos o poder absoluto de fazer quase tudo aquilo que desejamos, que não somos vítimas de um destino definido no momento em que o médico nos dá a lapada no cu para incitar a choradeira. Contudo, é certo e sabido que determinados momentos são tão especiais que acabam por abrir estradas que até então não tínhamos contemplado, e acabam por nos mostrar de que forma é que a nossa mestria do destino se vai passar.

Um puto de treze anos não contemplou muita coisa ainda. E talvez por isso mesmo, creio que os meus pais mudaram a minha VIDA quando me meteram num avião em direcção a Londres. O meu primo Leandro veio lá dormir a casa porque íamos juntos e não conseguimos dormir na noite anterior. “Tu és tolo!! Vamos p’ra Londres!!”. A adrenalina instalara-se e ameaçou o sono, dizendo-lhe para aparecer na noite seguinte, pois o nosso corpo era muito pequeno para eles os dois!

Londres veio, Londres foi. E uma vez tendo voltado, vi o que havia para ver, senti o que (um pré-adolescente) podia sentir e percebi: “Esta cena é demais!!”. O mal estava feito. Nasceu em mim aí um gosto pelo desconhecido, e a realização da diferença entre o ver e o sentir. Pois tinha visto Londres em tantos filmes e reportagens que quase conhecia cada rua. Tinha visto já Londres, de certa forma, mas nunca a tinha sentido.

A partir daí nunca mais deixei de viajar. Ainda que com os pés assentes em território luso, a minha mente deambulava pelos próximos territórios a percorrer. Passaram-se dez países, quinze, e consegui ir viver para a Finlândia por um ano que se revelou fulcral no desenvolvimento do meu ser. Passaram-se vinte, vinte e cinco, e fui viver meio ano para a Noruega, na minha primeira experiência profissional. Daí, um salto para a Inglaterra, onde vivi e trabalhei por dois anos. Passaram-se trinta, trinta e cinco, quarenta países e vi aparecer em mim, cada vez mais clara, a noção de que apesar de tudo, não era nada mais que um turista. Queria ser um viajante, mas era um turista. Ia e vinha sempre, sabia sempre mais ou menos as datas. Queria entregar-me a algo de braços abertos, queria não saber exactamente aquilo com que contar. E foi com esta vontade que vi aterrar a minha alma, dentro do meu corpo, em Portugal, em Outubro.
Trazia comigo o perfume do Este, experienciado no Omã e na Índia em 2009, e essa vontade de ver mais, de mergulhar mais fundo num Mundo que não me pertence mas que quero que seja meu. Assim decidi tornar em realidade os sonhos que acalentava há coisa de ano e meio, e decidi ir. Ir para Este, atravessar de ponta a ponta a Europa e a Ásia, de Portugal a Singapura, conhecendo pelo caminho países como a Síria, o Líbano, o Iraque, Irão, Índia, Cambodja, e tudo o que esteja à distância de um comboio, um autocarro, ou um polegar apontado para o infinito, especado na berma da estrada.
Não conheço ainda quem voltará, e para isso tenho de me ir.

Portalegre

1 comentário:

  1. Vai, vê, volta e traz contigo o que és e quem és! Deixa por lá parte de ti porque, se no fim, voltares como estás... não terá valido a pena!

    BoaS viagenS :)*

    Marisa Fernandes

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