Na quinta-feira fui à Gagáuzia. A Gagáuzia é uma zona autónoma onde o pessoal supostamente fala uma língua diferente, tem uma capital, hino, bandeira, essas cenas todas. Então eu fiquei curioso. Apanhei um autocarro de dois euros e tal e lá fui. Curtia ter-me encontrado com alguém mas não consegui. Talvez tivesse sido diferente, porque a Gagáuzia, ou pelo menos Comrat, a sua capital, não tem nada que ver.
Mas que é que fui lá fazer? Quando cheguei, percebi logo onde tinha ido parar. Dei uma volta pelo mercado, depois caminhei p’rai uma hora e tal, até que chegou a hora do almoço, e com ela um pretexto para fazer uma cena diferente e acabar com “ver as vistas” que não existem. Depois do almoço dei mais uma voltita e ok... constatei que não havia memso nada. Mas que se lixe, foi fixe na mesma. Quando viajo e vou a sítios, até esterqueiros como Comrat acabam por ser fixes. Porque o estado natural é o da fixeza. Se muitas vezes na nossa VIDA o estado natural é o da normalidade e talvez precisemos de estímulos, ou positivos para o fazer fixe, ou negativos para o fazer chunga, quando em viagem o estado normal é o da fixeza.
Mas já chegava de fixeza de Comrat e pus-me a caminho de volta a Chisinau. Tentei a boleia, mas pararam três carros e não aceitaram que não pagasse. É tão fácil boleiar na Moldávia que acaba por ser difícil. E neste caso nem acho mau que me peçam dinheiro. Porque não é naquela de “fónix para o gajo é igual”. Porque não é. Porque há tanta gente à boleia, a usá-la como apenas mais um meio de transporte, que levar-me de graça implica não levar outra pessoa a pagar. Por isso fui de autocarro, que pelos vistos é quase o mesmo preço que se paga à boleia.
Fui ter a casa do Bill e depois fomos a um encontro de couchsurfers onde conheci pessoal muito porreiro. Como a Paulina, uma moldava que esteve a viver na China e nos EUA, a Elena, que já passou alguns meses em trabalho no Paquistão ou a Dani, também moldava, que trabalha com exportações de vinho moldavo para a China, país para onde vai viver brevemente. Encontrei também o Nuno, um português que estava lá um mês e meio num estágio e que vai para a Indonésia de seguida por três meses, o Aba, um nigeriano que trabalha numa organização não-governamental e o Iorguis, que trabalha para a Amnistia Internacional. Enfim, bastante pessoal, cada um com uma estória diferente e interessante para contar, mesmo como eu gosto. Era o primeiro encontro na capital moldava e eles queriam ver se pegava e faziam a cena semanal.
O Aba estava a tentar convencer-me a ir à festa que teria em sua casa no dia seguinte, na sexta-feira. Eu disse que não era possível porque ia para a Ucrânia nesse dia. Bem, acabei por vir para a Ucrânia na segunda-feira... o Bill ia ter amigos a visitá-lo, e por isso fiquei, assim sem planear muito, com o Aba.
A festa foi muito fixe. Éramos quinze a transitar entre a cozinha e a varanda e o Aba tinha um sistema musical inovador (para mim), sendo que fazia o ritmo e estilo da música acompanhar o estado de ebriedade em que ele achava que as pessoas se encontravam. Claro que numa altura alguém quis mudar a música e lixou o sistema. Curti a noite, e curti aquele pessoal. E por isso mesmo deixei-me ficar. Dei-me especialmente bem com o Aba, o Nuno tuga e a Diana. No sábado tivémos um serão mais calminho mas ainda assim fez-me acordar no domingo tarde o suficiente para decidir bazar para Odessa só na segunda-feira. Tinha bastante tempo ainda, não havia por que me apressar... O domingo foi passado essencialmente em casa à conversa, saindo só para irmos comprar alguma coisa para comer.
Segunda-feira, Ucrânia...
onze e quarenta e cinco, quarta, sete de março de dois mil e doze
algures entre Odessa e Sevastopol
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